Esta coisa a que chaman amor
e uma criança que salta onde sou velho,
eu que venho de milenios viajando
de reino em reino. Pó
intenso.
Salto e danço e sou contaminado
por águas montañosas que mantêm para sempre
o rio febril. As árvores, na margem,
doram-se à sua passagem.
Posso chamar-lhe amor,
pensar na luz crua do nascimento ou simplesmente
nascer de novo sem desejar
coisa nemhuna. Pensar é oficio de palabras
e há momentos em que só o silêncio
ou o sexo no sexo
ou um grito
dizem o que há para dizer.
Casimiro de Brito, Portugal